Como mencionado na Parte 2, a AIDS apresenta uma fase assintomática que está relacionada com a limitação da replicação viral pelas respostas imunes vírus-específicas.
São várias as formas do corpo tentar eliminar o HIV, no entanto algumas só foram comprovadas in vitro e não in vivo assim como ainda não está muito claro o porque desses mecanismos possuírem eficácia relativa a ponto de acabar permitindo que ocorra uma replicação viral de forma descontrolada levando ao agravamento progressivo da doença.
Respostas Imunes do Hospedeiro Vírus-Específicas
1) Anticorpos neutralizantes:
Os Linfócitos B produzem anticorpos contra as proteínas virais para neutralizar o vírus. Eles atuam na proteína gp120 do envelope do vírus livre, antes deste entrar na célula e perder o envelope.
Estão presentes em todos os estágios da infecção, porém seus níveis estão mais baixos no estágio avançado da doença.
2) Citotoxicidade celular anticorpo-dependente (CCAD):
Também é uma forma de limitar a propagação do vírus através de componentes celulares e humorais do sistema imune. Nesse caso, os anticorpos vírus-específicos se ligam às proteínas virais presentes na superfície das células infectadas, sensibilizando-as para a lise.
Estão presentes desde a soroconversão até o final da doença.
3) Linfócitos T citotóxicos (LTC):
Destroem as células infectadas. Lise e eliminação.
Resposta direcionada às principais proteínas estruturais virais, à transcriptase reversa e às proteínas reguladoras.
Por outro lado, os LTC HIV-específicos parecem estar associados à alveolite por atacarem os macrófagos dos indivíduos infectados, à disfunção neurológica por desencadear reações inflamatórias e à queda do CD4 pelo fato de destruírem aquelas infectadas pelo HIV.
4) Respostas celulares proliferativas:
Caracterizadas pela proliferação de linfócitos T auxiliares e produção de citocina.
Desencadeadas pelo reconhecimento do antígeno associado às moléculas Classe II (HLA) na superfície das células apresentadoras de antígeno. Essas respostas se encontram diminuídas nos pacientes com HIV.
Figura 1: gráfico das fases da AIDS apontando as taxas de CD4 e carga viral
Então, tudo o que foi mencionado desde a parte 1 até agora pode ser resumido em:
Contaminação, afinidade do vírus com CD4 e entrada do vírus na célula. Isso causa uma síndrome viral aguda, com manifestações inespecíficas como febre, linfadenopatia, faringite, erupção cutânea, mialgia, artralgia, náuseas, diarreia, cefaleia e etc.
Estudos mostram que existe um período de "janela" que precede a soroconversão. Nele, os pacientes podem ser sintomáticos ou não e não apresentam anticorpos.
Após, o sistema imune do infectado vai promover diversos tipos de reações na tentativa de eliminar o vírus. Essa etapa costuma ser assintomática com aumento da taxa de CD4 e diminuição da carga viral.
Com o passar dos anos, por motivos ainda não conhecidos, o sistema imune não é capaz de combater o vírus e nem manter as taxas de carga viral, fazendo com que elas aumentem e o CD4 diminua de tal forma que promove importante imunossupressão deixando o indivíduo mais suscetível a neoplasias e doenças oportunistas.
Aqui encerra o assunto sobre as fases da AIDS. Na próxima parte serão abordadas as formas de contágio e prevenção e mais adiante serão abordadas as doenças oportunistas.
REFERÊNCIAS:
Goldman Lee, Ausiello, Dennis. Cecil, Tratado de Medicina Interna. Guanabara Koogan. 20ª Ed. Rio de Janeiro; 1997.
0 comentários:
Postar um comentário